A uva Pinot Noir é, entre as
tintas, o ícone da Nova Zelândia. Variedade caprichosa que raramente se adapta
muito bem a outras regiões fora da Europa, especialmente da Borgonha, seu
terroir de origem, encontrou no país da Oceania clima e solo perfeitos. A
vinícola Schubert, instalada em Martinborough, no Sul da Ilha Norte, e a menor
das áreas vinícolas neozelandesas, é uma marca em ascensão e tem três rótulos
diferentes produzidos com esta casta (entre R$ 128 e R$ 248). Na hora de
escolher as videiras para povoar os seus campos, plantados a partir do final
dos anos 1990, Kai Schubert, dono da empresa, foi meticuloso: escolheu um clone
de Pommard e outro de Dijon, duas áreas distintas da Borgonha, que produzem
vinhos igualmente diferentes, ainda que com a mesma uva.
— O clone de Dijon tem mais músculos e taninos. É masculino. Enquanto o de
Pommard apresenta mais fruta, frescor e elegância. É mais delicado e feminino —
diz Kai.
Não falta personalidade aos vinhos da Nova Zelândia. Neste caso, e em muitos
outros, o caráter é nítida e assumidamente francês. Importados pela World Wine
(2422-4614), que acaba de inaugurar um quiosque no Fashion Mall, os rótulos
dessa vinícola são inspirados em certas regiões francesas. O Sauvignon Blanc
(R$ 108), por exemplo, segue a linhagem do Loire, enquanto o monumental Syrah
(R$ 248) tem a concentração, a força, a delicadeza e a explosão de frutas que
caracterizam os melhores vinhos do Rhône Norte.
— A brisa do oceano refresca os vinhedos, que assim ganham grande expressão de
aromas, ao mesmo tempo em que preservam a boa acidez, enquanto o clima seco do
verão, com dias quentes e noites frias, favorece o amadurecimento, com
características climáticas próximas da Europa — explica Kai. — Isso numa área
relativamente pequena, com diferentes topografias, o que permite diversos
microclimas, e naturalmente vinhos diferentes.
A França é quase sempre fonte de inspiração para os enólogos. Outro nome de
destaque da enologia neozelandesa, a Craggy Range, da Decanter
(www.decanter.com.br), acaba de firmar uma parceria com a Compagnie Vinicole
Baron Edmond de Rothschild, uma das mais famosas da França. O flerte com o país
já acontece há tempos. Entre os vinhos, há um Chardonnay no estilo Mersault e
outro inspirado em Chablis. E os Pinot Noir também se espelham na Borgonha, em
suas várias vertentes, enquanto há cortes que parecem Bordeaux e rótulos de
Syrah com a cara do Rhône Norte.
Por BRUNO AGOSTINI
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