segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Nova Zelândia se inspira na França para produzir ótimos vinhos


A uva Pinot Noir é, entre as tintas, o ícone da Nova Zelândia. Variedade caprichosa que raramente se adapta muito bem a outras regiões fora da Europa, especialmente da Borgonha, seu terroir de origem, encontrou no país da Oceania clima e solo perfeitos. A vinícola Schubert, instalada em Martinborough, no Sul da Ilha Norte, e a menor das áreas vinícolas neozelandesas, é uma marca em ascensão e tem três rótulos diferentes produzidos com esta casta (entre R$ 128 e R$ 248). Na hora de escolher as videiras para povoar os seus campos, plantados a partir do final dos anos 1990, Kai Schubert, dono da empresa, foi meticuloso: escolheu um clone de Pommard e outro de Dijon, duas áreas distintas da Borgonha, que produzem vinhos igualmente diferentes, ainda que com a mesma uva. 

— O clone de Dijon tem mais músculos e taninos. É masculino. Enquanto o de Pommard apresenta mais fruta, frescor e elegância. É mais delicado e feminino — diz Kai. 

Não falta personalidade aos vinhos da Nova Zelândia. Neste caso, e em muitos outros, o caráter é nítida e assumidamente francês. Importados pela World Wine (2422-4614), que acaba de inaugurar um quiosque no Fashion Mall, os rótulos dessa vinícola são inspirados em certas regiões francesas. O Sauvignon Blanc (R$ 108), por exemplo, segue a linhagem do Loire, enquanto o monumental Syrah (R$ 248) tem a concentração, a força, a delicadeza e a explosão de frutas que caracterizam os melhores vinhos do Rhône Norte. 

— A brisa do oceano refresca os vinhedos, que assim ganham grande expressão de aromas, ao mesmo tempo em que preservam a boa acidez, enquanto o clima seco do verão, com dias quentes e noites frias, favorece o amadurecimento, com características climáticas próximas da Europa — explica Kai. — Isso numa área relativamente pequena, com diferentes topografias, o que permite diversos microclimas, e naturalmente vinhos diferentes. 

A França é quase sempre fonte de inspiração para os enólogos. Outro nome de destaque da enologia neozelandesa, a Craggy Range, da Decanter (www.decanter.com.br), acaba de firmar uma parceria com a Compagnie Vinicole Baron Edmond de Rothschild, uma das mais famosas da França. O flerte com o país já acontece há tempos. Entre os vinhos, há um Chardonnay no estilo Mersault e outro inspirado em Chablis. E os Pinot Noir também se espelham na Borgonha, em suas várias vertentes, enquanto há cortes que parecem Bordeaux e rótulos de Syrah com a cara do Rhône Norte.

Por BRUNO AGOSTINI




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