domingo, 30 de dezembro de 2012

Um dos grandes ícones da década de 20, o restaurante Alfredo de Roma,  aderiu a onda de franquias pelo mundo e Curitiba inaugurou o Alfredo's Gallery Alla Scrofa Roma.


O Alfredo's Gallery é a versão contemporânea do centenário restaurante Alfredo Alla Scrofa - inaugurado em 1907, na Via Alla Scrofa, no coração de Roma, criador do Fettuccine all'Alfredo.

 
  Quando os proprietários do restaurante Alfredo Alla Scrofa decidiram pela expansão da grife gastronômica, optaram por realizá-la dentro de um conceito moderno. Neste sentido, a palavra 'Gallery' foi acrescentada ao nome original, para fazer essa referência de contemporaneidade e também para ressaltar um dos atrativos do restaurante, que é a galeria de fotos das celebridades que frequentam ou frequentaram o restaurante.
 
 
 
 
O fettuccine all' Alfredo é  reconhecido como uma obra-prima da cozinha italiano é o prato carro-chefe do restaurante, tanto pelo sabor como pela história de amor por trás do prato, criado no Alfredo Alla Scrofa.
 
                                      


A base deste fettuccine é manteiga e queijo parmegiano reggiano, ele é cremoso, untuoso e combina divinamente bem com vinho branco no verão, podendo até ser acomanhado por um barbera no inverno. Como estamos em janeiro e hoje está muito quente, para acompanhar o prato, escolhi o vinho Corte Giara Soave, 2011 produzido pela italiana Allegrini, na região do Veneto e feito das uvas garganega e chardonnay,  sendo a maioria de garganega. Sua cor é dourada e brilhante, um vinho com um toque bem mineral, notas de flores brancas, melão, pessego e abacaxi e mel. Na boca é sedoso, bom corpo e acidez e um final muito agradável de bala de mel.
 
 
 
                                                 
                                                   
No cardápio do Alfredo os pratos são divididos em três classificações: tradicionais, gourmands e da estação. Aos tradicionais não cabe explicação, são aqueles mesmos que consagram a gastronomia italiana de todos os tempos e onde se encaixa, é claro, o Fettucine Alfredo. Nos gourmands a oportunidade de o chef criar em cima de sabores, ingredientes e temperos, enquanto os da estação (para começar, estivo, verão em italiano) permitem a adaptação aos ingredientes e ao clima de momento

 
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Alfredo’s Gallery Alla Scrofa – RomaRua Silveira Peixoto, 765 – Água Verde
Fone: (41) 3042-4212

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Carlos Magno e a Rainha Chardonnay (1 de 2)


Bruxelas - Rue des Bouchers,
A maioria dos enófilos prefere tinto a branco. Ainda hoje se ouve, aqui e ali, o preconceito de que "brancos são vinhos menores". A maioria dos tintos revela mais complexidade, enquanto os brancos são reconhecidos pela acidez e frescor. Tudo tem sua hora e vez; por exemplo, não me imagino desarrolhando um pesado malbec no Réveillon na praia! Entre as castas brancas reina soberana uma rainha: Chardonnay, e diz a lenda que ela foi escolhida pelo imperador Carlos Magno (742-814).
Para começar ela raramente decepciona no momento do plantio. Adapta-se aos solos calcários e arenosos, aceita climas quentes e frios, suporta bem o vento da Austrália, a chuva da Serra Gaúcha e a aridez de Mendoza, ou seja, ela não tem frescura... a não ser na boca. Na sua região de origem, a Borgonha, vai bem ao norte em Chablis, como ao sul em Macon (Pouilly Fuissé) como no meio (Coté D'Or). É fácil de cultivar e amadurece cedo, o que reduz o risco de perdas (chuva, vento e granizo) quando se aproxima a colheita.
Também se destaca no quesito versatilidade. Pode ser deixada ao Deus dará, ou sofrer intervenção humana. No primeiro caso produzirá vinhos alegres, minerais, à maçã e pera, para beber descontraidamente; no segundo, com a concentração no pé (poda verde), fermentação malolática e descanso em barris de carvalho, puxará para manteiga, abacaxi e pêssego, preenchendo a boca e puxando por notas fumadas amadurecidas no carvalho. Esses "reservas" podem alcançar complexidade superior a certos tintos, como o Gaya y Rey, de Angelo Gaia do Piemonte, Cervaro Della Salla, de Antinori, um Bramare argentino, de Paul Hobbs, que o amigo Toninho ofereceu no Nectarine em Buenos Aires, momentos especiais. O melhor da Chardonnay está no equilíbrio, o meio termo entre frescor e firmeza, pureza e intensidade, leveza demais e baunilha de menos. Esses são os vinhos que tenho procurado recentemente, como os excelentes Pulenta e Catena argentinos ou o Villa Francioni nacional.
Depois da lua de mel, MH e eu passamos 15 anos fabricando filhos, pagando BNH, comprando terreno e construindo casa, sem dinheiro para viajar à Europa. Lá por 1990 chegou a vez. A Vasp quebrou o monopólio da Varig inaugurando um voo mais barato, com novos MD-11 para Bruxelas. Tantos anos depois o choque de civilização começou justamente em Brugges, aquele encanto na Bélgica. Rodamos pela Alemanha, França e norte da Itália até voltarmos a Bruxelas, com dólares no bolso. Não se usava cartão de crédito. Na última noite escolhemos o que nos pareceu o mais simpático dentre as dezenas de restaurantes da Rue de Bouchers (rua dos açougueiros), com barracas expondo os frutos do mar à porta, mas sem as mesas de fora, porque era janeiro, o auge do inverno. Aliás, grande sensação aquele frio seco, eu advogado a viajar nas férias forenses.
Embora viagem econômica, Maria Helena e eu buscando  hotéis três estrelas que, porém, em 1990 tinham padrão superior aos quatro estrelas nacionais, na última noite da viagem constatamos que "sobraram" dólares. Puxei a carta de vinhos e pedi Corton Charlemagne Grand Cru Louis Latour por qualquer coisa em torno de US$ 300, muito acima do padrão da viagem! Mas como lembra o agente 007 que fez 50 anos, "you only live twice" (apenas se vive duas vezes), uma brincadeira em relação ao determinismo de que "a vida é uma só". Aquele Corton Carlos Maior foi pura emoção, algo superior a qualquer coisa semelhante que havia tomado, como dito um choque de civilização.
Resta saber o que o rei dos francos Carlos Magno, há 1.200 anos sepultado na magnífica capela octavada de Aachen (Aix-la-Chapelle), tem a ver com os grandes brancos que perpetuaram o seu nome na Borgonha. Vamos voltar ao tempo da derrocada do Império Romano, das invasões bárbaras, e talvez reencontrar as Walkírias sobrevoando os campos de batalha em cavalos voadores, para recolher os soldados mortos e levá-los ao paraíso.
Até porque no inferno não servem chardonnay.


Por: Carlos Celso Orcesi da Costa