segunda-feira, 30 de julho de 2012

Vinho do Porto



O Vinho do Porto tem origem na região do Douro, em Portugal. 

É o mais conhecido dos chamados "vinhos fortificados", dotados de maior teor alcoólico, resultado da adição de aguardente vinícula ao vinho, interrompendo o processo de fermentação, além de ter um processo de vinificação muito rápido, de dois a três dias. Embora existam alguns vinhos do porto secos - difíceis de encontrar -, a maioria é doce, resultado da sobra residual de açúcar que permanece no vinho quando a fermentação é interrompida.


Após este processo de adição de aguardente, o vinho passará por envelhecimento, mantendo contato com a madeira em pipas de características da Região Duriense e, posteriormente, engarrafados. Em alguns exemplares, após o engarrafamento, o vinho passar por um novo período de envelhecimento, mantendo-se reservado enquanto o vinho mantém contato com o oxigênio que sobra na garrafa após fechado.


É possível encontrar uma extensa gama de vinhos do porto, com diferenças de sabor e aroma. Isso porque, conforme o tempo e o tipo de envelhecimento, o vinho do porto apresenta determinadas características, recebendo uma classificação própria. Esse sistema também define o preço do vinho.


Note que sempre o rótulo da garrafa informa o nome específico do tipo do vinho do porto:
Branco (White): Produzido exclusivamente com uvas brancas, passando pelo carvalho durante dois ou três anos. Não evolui depois de engarrafado. Normalmente são vinhos jovens e frutados, podendo ser encontrados doces ou secos (dry), mas os secos sempre terão alguma doçura.


Ruby: O nome é uma referência à cor do vinho, elaborado com uvas tintas, normalmente sem data de colheita, com permanência de dois a três anos em pipas de carvalho. Encorpado e frutado, é um vinho jovem, mantendo suas características originais por muito tempo, com sabor puxado para ameixas e frutas silvestres.

Tawny: Utiliza as mesmas uvas tintas do Ruby e também passa por pipas de carvalho por um período de dois ou três anos. A diferença é que, posteriormente, segue para barricas de carvalho, ampliando o contato do vinho com a madeira e com o oxigênio. Esse processo acelera a oxidação do vinho, deixando sua cor mais próxima do âmbar, de topázio queimado, e os sabores se aproximam de amêndoas, nozes e outros frutos secos. Assim, se transforma num vinho mais elegante e não envelhece na garrafa, assim como os demais Tawnys.

Tawny Colheita: Trata-se de um vinho de uma só colheita, de um ano específico, quase sempre considerada excepcionalmente boa para a produção de Vinho do Porto Tawny. Permanece, no mínimo, por sete anos na madeira, mas alguns exemplares podem permanecer por doze anos ou até mais, conforme definição da vinícola. Apresenta cores claras, um acastanhado puxado para o dourado, e tem sabor rico, elegante, suave, delicado, profundo e complexo.
Tawny Envelhecido: Estão entre os vinhos do porto mais caros do mercado. Podem ou não ter a data da colheita identificada, conforme decisão do produtor. Passam por período de envelhecimento em carvalho por 10, 20, 30 ou 40 anos, ganhando, assim, complexidade. Com o passar dos anos, esses vinhos também se tornam mais licorosos e claros, obtendo características de sabor de mel, madeira, canela e chocolate, entre outras.

LBV (Late Bottled Vintage): Os vinhos dessa sigla provém de uma única colheita, quase sempre excepcionalmente boa, e mantêm algumas das características mais marcantes dos Ruby: cor vermelha intensa e bastante frutado. De grande qualidade, o LBV conta sempre na garrafa com indicação do ano da colheita e do engarrafamento, tendo passado por madeira num período de quatro a seis anos, conferindo a ele evolução, intensa coloração, taninos e juventude. Pouco evolui na garrafa e, por isso, pode ser consumido após a compra.


Vintage: É a preciosidade dos vinhos do porto, obtido de uma única colheita e com qualidade sem igual, por ser produzido com uvas selecionadas. Mantém o envelhecimento na garrafa, de forma lenta, após ter permanecido por dois anos na madeira. Recomenda-se que a guarda seja feita em local sem muita luz, com certo cuidado, para não comprometer a evolução desse tipo de porto. Por ser a guarda de longo período, costuma apresentar depósito no fundo da garrafa. Neste caso, recomenda-se ser decantado antes de ser servido. De aromas frutados e florais, cor intensa e taninos marcantes, vai aprofundando a harmonia conforme o envelhecimento, tão complexas são suas características de olfato e paladar. Menos de 2% da produção de portos são do tipo Vintage.


Vintage de Quinta: É uma variação do Vintage, obtida por uma única colheita da quinta que o produziu. É elaborado somente em anos excepcionais, com dois anos de passagem pelo carvalho, e podendo permanecer por até 10 anos no estoque do produtor. Envelhece na garrafa, mas também está pronto para ser consumido quando comercializado.


Site Mundo do vinho



segunda-feira, 23 de julho de 2012

Uma uva versátil como nós mulheres

Daniella Romano

Desde que comecei á estudar sobre vinhos, tenho encontrado mulheres interessantíssimas, tanto produzindo e vendendo como fazendo o serviço do vinho. Esse que sempre foi um reduto muito masculino também se rendeu ao universo feminino. Atualmente excelentes profissionais e muitas amadoras já sabem do que gostam e o que querem beber. E a cada um dos vários encontros só para mulheres, que tenho ido me surpreendo com o grau de conhecimento de todas.

Como sommelière e apaixonada por aromas, confesso que sou uma curiosa e gosto de provar vinhos muito diferenciados, me sinto estimulada descobrindo novos universos. Mas existe um vinho em especial que toca meu coração: o Gewürztraminer, esta varietal de nome tão complicado, original de Tramin, norte da Itália é uma das principais cepas na Alsácia, Fr. onde é possível ENCONTRAR verdadeiras jóias engarrafadas.


 O que me fascina nela é a sua capacidade de transformação que pode ir de um vinho muito sério e seco até a um incomparável vinho de sobremesa, produzido com as uvas de colheita tardia (ou vendage tardive: os produtores esperam até o outono quando a uva está bem madura e muito doce e ás vezes até botritizada para fazer a colheita).

E os aromas, ah, os aromas da Gewürztraminer são um capítulo á parte, quando jovem seu perfume de pétalas de rosas, lichia, maracujá com um leve toque de mexerica é maravilhoso, e conforme vai evoluindo, apresenta notas de especiarias, flores secas, mel e finalmente, atinge seu esplendor aromático nos vinhos de sobremesa, neles podemos perceber notas complexas de redução, damasco em compota, extrato de rosas, canela, anis estrelado, noz moscada, avelãs, uma verdadeira festa aos sentidos.

Exatamente por esta característica tão camaleão, eu a comparo á nós mulheres, que conseguimos atuar em várias frentes, estar em casa com os filhos, no trabalho vencendo as barreiras e ainda arranjamos um tempo para cuidar da beleza, ficar em dia com a moda e lógico, muito bom humor para uma saidinha no final da tarde para encontrar as amigas.  Aliás, foi num desses encontros deliciosos só para mulheres que provei um Gewürztraminer produzido no Chile e que me encantou.  Tanto a versão seca quanto o colheita tardia: Gewürztraminer Reserve La Joya e o Late Harvest Gewürztraminer La Joya, são muito bem elaborados, delicados e super perfumados e tudo isso feito por uma enóloga muito competente. Uma grata surpresa da Viña Bisquertt.

Cheers...


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Degustação Aromas do Vinho Gourmet


No dia 28 de junho, a renomada sommelière internacional Daniella Romano, recebeu convidados muito especiais para uma degustação de vinhos e champagnes ainda inéditos no Brasil, na Aromas do Vinho.




Com a preocupação com todos os detalhes, Daniella decantou dois vinhos tintos e também se preocupou em manter todos os vinhos e champagnes na temperatura ideal para uma degustação perfeita além de harmonizar as incríveis bebidas com finger food e uma mesa maravilhosa, Daniella recepcionou seus convidados com um Chardonnay, de 2009, um vinho branco muito delicado e saboroso. Depois foi a vez dos Champagnes, extremamente saborosos, com aromas característicos e marcantes.



Daniella se preocupou com todos os detalhes, desde os alimentos, que harmonizavam com todos os vinhos e champagnes, até com o requinte da decoração. Com muitas velas e um toque de sofisticação, todos os convidados se sentiram muito confortáveis e entretidos na noite de quinta-feira.



Sonia Denicol e Daniella Romano

André Logaldi, diretor de degustação da ABS-SP e Daniella Romano


A degustação foi maravilhosa e todos seus convidados adoraram os vinhos San Vicente e os champagnes.




terça-feira, 10 de julho de 2012

Supermercado ou Loja de Vinhos?




Minha coluna semanal Prazer do Vinho me leva a situações que normalmente não faria ou, sendo bem franco, não perderia tempo. Quando raramente estou adiantado e o trânsito ajuda, encontro tempo para entrar no supermercado, conferir os preços e observar os consumidores diante da prateleira. À diferença de mim que tenho por princípio não comprar em supermercados, há consumidores que vão e vêm, olham pegam devolvem, não sabem exatamente o que querem.

Começa que o mundo do vinho é oceano e a oferta dos supermercados médios é lagoa. E embora os conglomerados comprem grandes lotes (imaginem o poder de compra do Pão de Açúcar ou do Walmart), concentram-se naqueles 30 ou 50 rótulos básicos, dos portugueses famosos há 20 anos, dos santos e santas chilenos e argentinos, o quinhãozinho do diabo Casillero ou o ainda piorzinho Concha y Toro “reservado”, que na América do Sul nada significa. É mais uma pegadinha para donas de casa desavisadas, que também alcança o 2º perfil de consumidor: o que já sabe o que quer. Por detrás desses dois perfis a pegadona está no preço: a margem de lucro em cima dos “rótulos que todos compram” (Chianti, Periquita, Dão, Malbec e qualquer coisa com Cabernet Sauvignon) é inusual. Eles são vendidos a preço bem caro.

Então os dois principais perfis citados (o que ‘não sabe’ e o que ‘já sabe’) são presas fáceis para as grandes redes. O consumidor de classe média paga caro pelo “vinho do aniversário”. Outra diferença em relação às lojas especializadas está no fato de que o tipo “não conhecedor” não encontra no supermercado quem lhe dê orientação. Nessas minhas andanças até fico tentado a ajudar alguma consumidora “dona de casa”, mas tenho receio, principalmente quando bonita, de ser mal interpretado. Então ela vai depois vem, e acaba levando algum merlot ou malbec com a única vaga semelhança de que ambos começam com “m”.

Numa loja especializada esse mesmo consumidor pode seguir a orientação do vendedor. O risco nas lojas é ser influenciado. Aí a recomendação é saber a faixa de preço que pretende gastar. Mais ou menos como no restaurante quando o someliê lhe indica “aquele vinho” que quando v. vai ver custa R$ 200, nas lojas especializadas a preocupação deve ser semelhante: existe o risco de gastar mais do que a intenção original. Inversão de papéis: o consumidor tentando agradar o vendedor! Daí a sugestão óbvia: use o vendedor para receber orientação mas não se deixe enganar. Se você pretende gastar na faixa de R$ 50 deixe bem claro o seu limite, de modo a desconsiderar qualquer tentação na faixa de R$ 120. Não se deixe intimidar; saiba que ele é mais esperto do que você em termos de uma “boa negociação”. 

Uma dica: se você pretende gastar R$ 80 diga logo que pretende gastar R$ 60, deixando margem para subir no caso de surgir – e sempre acontece – uma “oferta imperdível”.

Mas na minha modesta perspectiva o pior é o segundo tipo de consumidor que compra sempre o mesmo vinho. Embora exista no mundo vínico milhares de rótulos e uvas por descobrir, o cidadão conservador gosta mesmo é de repeteco, sente-se seguro com o chardoné com peixe e o malbecão com massa e frango. Sai de férias sempre para o mesmo lugar (digamos Gramado ou Porto de Galinhas) com medo de sair da concha. Por isso as santas chilenas e santos argentinos cobram caro de seus clientes cativos por vinhos que não ultrapassam o limite da mediocridade. Em minha modesta visão apenas quem é rico compra vinho em supermercado; apesar do aparato de prateleiras, mesas e ar condicionado das lojas intimidar alguns, elas são opção bem melhor, desde que o consumidor saiba exatamente o que pretende gastar e não se deixe levar pelo devaneio do vendedor.

Escrito por Carlos Celso Orcesi da Costa

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Champagne Até Quando?


Foto: BLOGGETROTTER

José Peñin, o parker espanhol, tem frase feliz: “ Champagne é um truque para transformar um vinho impossível em bebível”. Na região fria a fermentação da uva começava depois da colheita de outono, mas parava no inverno. O vinho engarrafado voltava a fermentar (e a explodir garrafas) na primavera. Como a necessidade é a mãe de todas as invenções (Platão) vieram(a) garrafa grossa(b) rolha gorda(c) a ideia genial do lacre de ferro(d) e por um fim as soluções químicas que chegaram ao pris de mousse (2ª fermentação) via da adição do liqueur de tirage, técnica que consiste em congelar o gargalo, expelir depósitos e adicionar leveduras antes do engarrafamento, ressuscitando bolhas que comemoram aniversários ou a primeira vitória de meu amigo Lelo na fórmula-60 em Interlagos.

            As estatísticas não batem mas algo em torno de 320 a 400 milhões de garrafas/ano em 35 mil hectares ou 15 mil alqueires de vinhedos. Importante o preço médio da champagne (E$ 12) quando comparado ao cava espanhol (E$ 1,62), nove vezes mais segundo Peñin. Em resumo: champagne é bebida de riscos; vez por outra a classe B abre uma quando nasce o filho ou (para não perder a piada) morre a sogra. A classe B prefere Prosecco, a C os tais fermentados de maça do tipo...macieira.

            Curioso saber que pouco mais de 200 de 20 mil produtores compram e engarrafam o próprio vinho. 18.800 agricultores (em média 2ha. por produtor) são cada vez mais disputados pelos 200 manipulants (empresas e cooperativas). Roederer é um dos maiores autônomos com 60% de vinhedos próprios. Ou seja, quando compramos Lanson, Piper, Bollinger, Veuve, Pommery, Ruinart, estamos degustando vinho terceirizado. Na visão pessimista estamos bebendo rótulos; na otimista provando métodos de mistura(assemblage de uvas e safras). O ex-presidente da Heublein no Brasil – Rogério Amato – me ensinava que, quando implantou laboratório de prova na empresa, tinha como meta alcançar padrão imutável, de modo que o produto(p.ex.o conhaque Dreher) fosse igual hoje e daqui a 10 anos.

            Champagne também é repetição de estilo; o consumidor pretende que a Moët vendida em 2010 tenha gosto semelhante à 2013(ressalvadas as vintages ou safradas). Daí a importância do milagre de chai ou chefe de cave ser bem maior lá do que, digamos, em Bordeaux. Partindo do exemplo de duas de minhas prediletas, Deutz é jovial, tem manteiga e especial longitude de boca, enquanto Philliponnat tem Pinot Noir e corpo.

             O consumidor que tentar compreendê-las poderá eleger sua preferida; basta pensar depois do 1º gole. Na semana retrasada em homenagem ao Desembargador Cesar comparamos Delamotte Blanc des Blancs(100%chardonnay, daí o nome branca de uvas brancas) e Jacquesson Cuvée nº 732 com 55% de Pinot, nítida a diferença de cor, peso e paladar. Há quem goste de Krug e outras caríssimas que têm certo traço acre vindo da mistura de lotes antigos e envelhecimento em carvalho.

            Pessoalmente não sou fã do preço e nem do gosto algo ferroso. Dentre as topos prefiro as de corpo médio, como Amour de Deutz e Dom Pérignon, a mais vendida do segmento luxo (3 milhões/ano).

            Em maio de 2010 Mary e eu serpenteamos pela D-26 Route du Champagne por 2 horas, subindo e descendo a ponto de perder a referência. Parece tudo plantado, ou seja, não há espaço para aumento da produção. O governo francês tem comissão estudando esticar os limites da região. Deixar como está levará o preço da uva (já atualmente, em média, o mais caro do mundo) a limites insuportáveis. Ressalvadas algumas exceções como os cavas Roventós e Non Plus Ultra de Codorniu, raros nacionais que nem sempre se mantêm no ano seguinte, e bons Franciacortas, na média a champagne é melhor. Nada disso justifica adotar como estratégia o segmento dos ricos e famosos. Há mercados inexplorados que-mais ou menos como aconteceu no Brasil com o Prosecco-podem se acostumar com Fusca sem jamais provar o gostinho de acelerar um Porsche. E, o que será pior, perder a mítica de almejar...o tal do Porsche.

Fonte: Diário do Comércio